quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

3.3 SOBRE O PENSAR DE ORDEM SUPERIOR E O PENSAR COMPLEXO

O pensamento de ordem superior é o pensamento conceitualmente rico,
coerentemente organizado e persistentemente investigativo. Diferentes
investigadores com suas diferentes formas de encarar o pensar de ordem superior podem fazer as mais diversas objeções a estas três características básicas citadas.

Mas para Lipman, nenhuma objeção destes investigadores críticos parece ter força suficiente para superar alguma destas três características. (LIPMAN, 1995, p. 37)

O fato de haver divergências na concepção do conceito de pensamento de
ordem superior, não suprime o valor e a utilidade de tal conceito. Dentro da proposta de Lipman podemos aceitar perfeitamente este conceito como cronicamente contagiado pela inexatidão, desde que se tenha em mente que riqueza, coerência e curiosidade são pontos de ancoragem onde o pensar de ordem superior sempre retorna, mas não são pontos de apoio do qual nunca possa se afastar. Por fim, o filósofo desacredita da possibilidade de que um pensamento significativamente carente dessas três características possa ser considerado pensamento de ordem superior. (LIPMAN, 1995, p. 37-38)

Estando ciente de seu conceito básico, é necessário pensar de que forma se pode ensinar o pensar de ordem superior. Para Lipman o pensamento de ordem superior deve ser ensinado de maneira imediata e direta, para isso de se deve primeiro abandonar a noção tradicional que é possível ensinar o todo através da análise das partes33 e, consequentemente, que a simples implantação de habilidades cognitivas será suficiente para que os alunos desenvolvam o pensar de ordem superior.

Além das três características do conceito de pensamento de ordem superior, deve-se acrescentar que ele também é a fusão dos pensamentos crítico e criativo. O pensamento crítico é aquele que envolve o raciocínio e o julgamento crítico, enquanto o pensamento criativo envolve habilidade, talento e julgamento criativo.

Esta fusão se dá devido ao fato que não há pensamento crítico sem o mínimo de julgamento criativo, ou vice-versa. (LIPMAN, 1995, p. 39)

Um bom exemplo de como os alunos podem trabalhar diretamente o
pensamento de ordem superior é fazendo com que filosofem através do uso da Comunidade de Investigação. Para isso é lógico que é necessário que a filosofia esteja presente nos currículos de todos os níveis da educação, mas não estou querendo dizer que a filosofia deve se intrometer em investigar as outras disciplinas.

Julgo que cada disciplina curricular necessita ser autocrítica, no sentido de que façam os alunos refletir, investigar e debater acerca de seus fundamentos, de sua lógica e de sua metodologia.

Infelizmente o conceito de pensamento de ordem superior aqui apresentado é meramente normativo e não é descritivo34. Julgo que uma educação que busca a excelência do pensar, que também pode ser chamada de pensar complexo, deva se concentrar em buscar meios para transformar a normatividade deste conceito em “descritividade”. Para isso é necessário que os conteúdos sejam trabalhados de tal forma que façam com que os alunos estejam cientes das suas próprias suposições e implicações, assim como devem sair conscientes das razões e provas que sustentam uma ou outra conclusão acerca de determinado assunto de sua respectiva disciplina curricular. Caso contrário, a Escola além de estar entregando à sociedade pessoas que sabem muito pouco dos conteúdos ditos necessários para o bem viver em uma democracia, o tudo deste muito pouco que aprenderam continuará sendo totalmente acrítico e pouco significante para suas vidas.



 
Este texto faz parte do trabalho chamado “Crítica a Escola” escrito por mim, Fabio Goulart. Para fazer o Download do trabalho Completo CLIQUE AQUI. Todos os dias será postado um novo texto deste trabalho aqui no site! Boa Leitura!


33 O que quero dizer é que normalmente e por questão de tempo, as disciplinas escolares são ensinadas em diversos fragmentos e unidades. Dificilmente é apresentada noção da totalidade da disciplina. Sem essa noção é basicamente impossível trabalhar uma disciplina em ordem superior, isso porque sem a noção do todo é muito complicado os alunos desenvolverem critérios de julgamento crítico e criativo acerca dos conteúdos trabalhados.

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