segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Crianças Gays e Homofobia Adolescente


Bom dia e Boa Semana a todos(a)!  Gostaria de começar com um assunto bem leve para nossa reflexão, ontem foi dia das crianças, então eu gostaria de falar sobre crianças gays... Vou contar um causo de minha infância, lá da prainha da Costa do Sol que fica entre Pinhal e Cidreira. Eu era da rua 12, mas tinha uma turma de amigos da rua 10, também tinha o Gugu. Todos tínhamos 7 ou 8 anos de idade e aproveitando as férias de verão não havia nada melhor do que brincar e discutir temas importantes como: “Qual seu super-herói favorito”. Eu disse que o meu era o Batman, o Pedro disse o Super Man, o Junior disse que era o Goku, e assim todos foram dizendo seus heróis, quando chegou a vez Gugu e ele disse: “Meu herói é a Barbie”. Ficamos todos em silêncio, vários segundos apenas com o constrangedor barulho do vento batendo nos pinheiros. Mas o silêncio foi rompido por alguém exclamando “Não vale, a Barbie não é herói!”, o Gugu prontamente questionou “Por que a Barbie não é herói?”, eu mesmo respondi “Porque não tem poderes”, Gugu mandando uma espécie de beijinho no ombro retrucou “e desde quando o Batman tem poderes?”... “O poder do Batman é o dinheiro!”... “A Barbie tem mais dinheiro do que o Batman”... “O Batman luta contra bandidos e salva pessoas.”... “A Barbie também luta contra bandidos e salva pessoas, sereias e fadas.”... “Pois é... ela também tem uma Ferrari legal, né Gugu?”...“Nem sei, eu não entendo nada de carro, só sei que a Barbie é minha herói”. Todos estão estávamos de comum acordo que a Barbie era uma heroína e de comum acordo encerramos o debate e começamos a brincadeira, cada um era o seu herói, o Gugu era a Barbie.


Os anos foram passando, fomos ficando adolescentes, o Gugu naturalmente foi se afastando do grupo de meninos da rua e se juntando ao grupo de meninas, eu sempre fui amigo do Gugu, eu queria beijar a Patrícia, a Juliana, a Tasiane, a Tamy, a Michele, etc., mas sozinho não sabia como chegar no “mundo das meninas”, nada melhor do que pedir para o Gugu “Fazer os lados” e daí não tinha mistério, era só chegar e ficar, era o único jeito do garoto gordo (que entrava no mar usando camisa) beijar algumas das gurias mais lindas do litoral. Gugu pra mim sempre foi um amigo, mas para alguns dos outros meninos da turma da rua 10 não. Gugu era “diferente” e o discurso de aceitação da Barbie como herói foi morrendo e dando lugar a um discurso de ódio contra os meninos que achavam que a Barbie era um herói... Eu sempre entendi a sexualidade do Gugu, ele sempre foi gay, mas nunca entendi a homofobia dos outros meninos, quando crianças não precisávamos mais de 5 minutos de conversa para entendermos que alguns meninos querem ser o Batman e outros querem ser a Barbie e que isso não estraga a brincadeira da turma. O Gugu era da rua 9. (Filósofo Fabio Goulart da página  FilosofiaHoje.com)
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