quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O que é Filosofia: O Mito do Chiqueiro e dos Artistas

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Sempre fui cheio de dúvidas e perguntas. Algumas destas eram tão complicadas que nem ao menos conseguia formular uma pergunta. Logo eu achava que elas eram irrespondíveis.


Refugiado dentro da minha solene ignorância, confortava-me em acreditar que a filosofia era a arte de criar essas perguntas que assoreavam impunimente a minha infância trazendo insônia e inquietação.


Mas quem eram os malditos artistas das perguntas? Com que tintas e em quais telas costumam pintar tal divina arte? Eu não tinha como saber, mas pulsava em mim um incontrolável desejo de um dia ser como eles.

Com o passar dos anos já não acreditava em tudo que os homens comuns diziam. O jogo de luz e sombras refletido na parede (por mais colorido que fosse) já não mais me persuadia, pelo contrário, me dava náuseas e fomentava um espirito crítico oriundo dos confins de minha alma.

Queriam me atochar que as coisas são como são. Mas por que são assim? Por que não podem ser diferentes?

Queriam que eu acreditasse nas suas palavras, mas nem eles sabiam o que estavam dizendo... Estes homens viviam como porcos num chiqueiro. Frutos que nascem putrificados para manter um sistema sádico de guerras e desigualdades. Porcos insaciáveis! Nunca satisfeitos com nada, sempre atrás de algo... Dinheiro, prazer, sexo, poder, vingança, ou qualquer bugiganga inventada na última semana.

  Em meio a toda lama enxovalhada dos porcos, notei a existência de homens que simplesmente buscavam perguntas e respostas, sem estarem preocupados com verdades divinas ou recompensas grandiosas. Tais homens simplesmente tentavam entender o que já era para estar entendido e criar problemas para as respostas que estavam ao nosso redor.

Estes homens eram chamados de loucos e em determinado momento se levantavam e deixavam o chiqueiro pra trás. Estes homens eram os filósofos. Exatamente os artistas que incomodaram os sonhos de minha infância!

Tal como eles, me tornei inquieto dentro de meu tempo e de meu demus (a cerca que limitava meu chiqueiro), me tornei um filósofo... passei a pintar os próprios quadros, não somente com as tintas que estavam ali, passei a fazer infinitas misturas e criar cores novas. Passei a pintar minha visão da vida... Passei a tentar entender tudo aquilo que jamais poderia ser entendido.

Tive o ímpeto de sair do chiqueiro e fui recebido como um filho pródigo...infelizmente a maioria dos homens preferiu ficar entre os porcos...
Filho pródigo entre os porcos


By Fabio Goulart, Porto Alegre 2011.

-Com este texto começo hoje uma série de 5 textos que de forma ambígua e aberta tentam se aproximar das questão “o que é filosofia”, porém sem trazer nenhuma resposta pronta. Minha intenção e fazer com que o leitor chegue a sua própria respostas a partir de sua experiência, vivencia e reflexão particular. Espero que gostem!
Comentários
3 Comentários

3 comentários:

  1. Na minha infancia e adolescencia eu tambem tinha algumas perguntas sem resposta,tinha vontade de perguntar aos religiosos,mas já naquela época eu conhecia a hipocrisia de alguns,sabia que eles não iriam me dar respostas satisfatórias, o próprio ciclo evolutivo limitado me trouxe essas respostas,principalmente aquelas que removem os dilemas internos,como o objetivo fundamental da existencia, o que especificamente, eu estou fazendo aqui, essas resposta nos ajudam a conciliar-se com um meio, que de outra forma só complicaria ainda mais nossa existencia, mas sua função principal é guiar-nos á continuação de nossa evolução...

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  2. Penso que a filosofia é inerente ao ser humano, basta observar uma criança que ainda não foi completamente "escolarizada" nem "instrumentalizada" socialmente, como se espantam diante da novidade do mundo e como anseiam pelo saber, conciliando sempre esse desejo ao sentir, ao experimentar, ao viver.
    Dentro do processo de "massificação" é que o filósofo vai sendo minado paulatinamente, usando os termos do texto em questão, vão se "porquificando", sair do chiqueiro ao meu ver seria retornar ao local de onde nunca deveríamos ter saído, retomar nossa condição original, nosso habitat natural enquanto seres humanos é a habitat filosófico.

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